Supervisão de Coaching, um espaço para aprender a refletir
Inspirado no livro Supervisión de Coaching, Damián Goldvarg, 2017.
Aprender a refletir é um tema muito intenso que deve ser percebido com muito carinho, muita atenção.
Enquanto Supervisores temos uma tarefa importante, a de facilitar um espaço de reflexão que permita aumentar o grau de consciência do Coach e a efetividade do seu trabalho.
E assim honramos a profissão e os nossos clientes.
Vou apresentar os pontos-chave que considero mestres:
- Antes da sessão de Supervisão ou Coaching, o Coach deve ter o cuidado de refletir sobre o que se passou no “antes” e preparar-se para dar continuidade a esse trabalho;
- No decurso da sessão, o Coach ou o Supervisor refletem sobre os desafios e inquietações trazidas pelo cliente, mas também sobre as suas próprias reações, tendo o cuidado de o fazer com distancia profissional;
- Para Grady McGonagill (2002), existem condições para que a reflexão do Coach seja eficaz, nomeadamente: 1) consciência dos seus filtros para dar significados às interações do Coaching; 2) consciência das suas suposições, métodos e ferramentas; 3) compromisso para explorar a sua efetividade; 4) habilidade para entender cada cliente como um novo desafio;
- A Reflexão em Ação (Schon) acontece quando o Coach ou o Supervisor conjeturam sobre o que está a acontecer na sessão, no aqui e agora (ideias, sentimentos, reações corporais);
- A Reflexão sobre a Ação – quando depois da sessão de Coaching se analisa o que aconteceu.
- Obstáculos à reflexão: stress, falta de valorização do espaço para refletir, as personalidades ansiosas, expetativas, lealdade e a vergonha em ser vulnerável, pedir ajuda;
- Nancy Kline refere que a capacidade de refletir está diretamente ligada a um contexto agradável e à forma como são tratadas as pessoas – atenção, igualdade, calma, apreço, alento, informação, lugar, perguntas incisivas, diversidade e sentimentos;
- Carroll e Gilbert referem as condições para que o Supervisor ajude a aumentar a capacidade de refletir dos Coaches e identificam os seis níveis em que os Coaches se encontram em relação a esta capacidade de refletir,
- Mindfulness, ou atenção plena, é uma prática ancestral, que pratico há vários anos. Foca-se no aqui e agora. Em Mindfulness estamos num estado de presença elevado. Aplico-o em diversas situações do dia-a-dia, ou seja, antes e durante uma apresentação, quando vou ter uma conversa difícil, quando quero saborear os alimentos. A atenção à respiração é crucial porque o foco passa a ser o nosso eu e o nosso corpo, conseguimos afastar emoções más ou preocupações. O bem-estar é notório e a qualidade do sono também.
- O modelo U – aprendizagem e mudança – de Otto Scharmer tem como pilares a crença da importância de criar níveis maiores de consciência nas Pessoas, níveis que permitam contribuir para um futuro com mais possibilidades. O seu fundamento está no presenciar, que permite ir mais fundo e conectar-se com nós mesmos e com o nosso potencial, e aceitar assim que é fundamental deixar ir, para que um novo futuro chegue cheio de novas possibilidades;
- Modelos de escuta teoria U: 1. escutar para reconfirmar juízos habituais; 2. escutar factos estando aberto para aprender com eles; 3. a escuta empática com o coração aberto e 4. escuta generativa – futuro distinto;
- Modelo U – com Illary Quinteros, apresenta cinco passos:
– co-iniciar
– co-sentir/perceber
– co-presenciar
– co-evolucionar
– co-criar
- Neurociências – importante papel das amígdalas cerebrais e a neuroplasticidade (capacidade de aprender a partir do desenvolvimento de novos circuitos neuronais que geram novos comportamentos e novas maneiras de estar no mundo – importante que aconteça nos processos de Coaching e supervisão de Coaching.
Que magia ter um espaço onde é possível mostrar os sentimentos, pensar emoções e ser vulnerável. Um espaço para refletir sobre o aqui e agora. Tendo como propósito construir um futuro com contornos.
A generosidade, a compaixão e o respeito são bandeiras sempre alerta. O aqui e agora são valiosos. Dão corpo ao que penso e faço.
Refletir sobre o antes e depois também é soberbo.
Gostei muito da reflexão sobre a ação. Por vezes dizem-me que “já chega de pensares tanto. O processo acabou, agora para de pensar…”. Soube-me bem ler isto!!!!